
Você está usando IA para acelerar ou só maquiando um código mal feito?
14 de maio de 2025Ao longo das décadas, testemunhei inúmeras tentativas de automatizar o desenvolvimento de software. Ferramentas como Clipper, Access, FoxPro, Visual Basic, Delphi e até soluções mais avançadas para a época, como MIRO e GAS PRO, já prometiam acelerar entregas muito antes de falarmos em low-code, no-code ou vibe code. A verdade é que essa busca não é nova. O que muda é a forma como ela aparece.
Com a chegada da inteligência artificial, essa busca por automação ganhou velocidade e escala. Modelos surgem todos os dias prometendo codar mais rápido, mais fácil, mais barato. E que fique claro: sou um grande entusiasta do uso de IA no desenvolvimento de software. Acredito no potencial real de transformação que ela pode gerar.
Mas existe algo que a IA ainda não entrega e talvez nem consiga entregar: o nível de consciência nas pessoas sobre o que é, de fato, “desenvolver software”.
Quando falta consciência, a gente ignora a complexidade, despreza a fundação e se deixa levar por promessas vazias. A automação, sem entendimento, vira um atalho ilusório e abre espaço para problemas recorrentes. Manutenção frágil, evolução travada, custos elevados e, pior, impacto direto na continuidade do negócio. Já vi isso acontecer mais vezes do que gostaria.
O verdadeiro avanço não está em apenas fazer mais rápido. Está em entender por que fazemos, como fazemos e garantir que a base seja sólida. Software bem feito não é sobre usar a tecnologia mais recente, mas sobre tomar decisões conscientes, com propósito, pensando no futuro e não só na entrega do sprint atual.
A cada geração, surge uma nova promessa milagrosa. Antes era o RAD. Depois o Agile. Agora é a IA. Mas nenhuma tecnologia corrige as consequências de uma base mal feita. Nenhuma IA salva um time que não sabe o que está fazendo. A base sempre foi o que sustenta. Só mudou o rótulo.
A real é simples. Quem tem fundação forte, usa IA como alavanca. Quem tem fundação fraca, usa IA como maquiagem. A escolha é sua. Mas lembre-se: a conta sempre chega.
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Até a próxima !!!
Ramon Durães