Como eu virei empreendedor?

21 de abril de 2011 Por Ramon Durães

Eu não sei o porquê as pessoas sempre me perguntam como eu virei empreendedor e como podem empreender. Acho que gosto tanto de empreender, inovar, fazer diferente que acabo falando de mais sobre o assunto em qualquer rodada de conversa e acabam por associar na carona. Eu acredito que a principal estratégia é você está decidido em seguir os seus sonhos mesmo não tendo uma ideia completamente formada simplesmente rasgando o plano e quebrando os horizontes.

 

Empreender em algo novo é sempre um enorme desafio, pois não existe planejamento mágico. Toda vez que inovar vai encontrar enormes riscos da sua visão não ser aceita ou completamente absorvida pelo público naquele momento. Podemos ter uma boa ideia agora que só se encaixe bem daqui a 05 anos e por ai vai. O próprio Steve Jobs e Bill Gates já tiveram problemas com isso. Além que precisa se preparar para os altos e baixos que vai encontrar durante o caminho. Se for fazer conta no inicio terá mais razões para não fazer do que ir em frente.

 

O empreendedor se destaca justamente nesse momento por atravessar o primeiro abismo que é o momento de sair da inercia e decidir que chegou a hora de colocar em prática todos os pensamentos e transformar em uma entrega para a sociedade. Uma noite e um dia se misturam aos fins de semana até que passo a passo conseguimos subir a montanha ou não. Nem todo empreendimento será sucesso, mas toda ação trará grande aprendizado que pode ser aplicado em qualquer outro cenário.

 

A emoção faz parte da vida do empreendedor e é o seu principal alimento, pois não existe energético mais poderoso do quê correr para transformar um sonho em realidade. Escolher e contaminar as pessoas em volta é uma atitude fundamental, pois só contagiando as pessoas com motivação que elas terão toda a garra necessária para enfrentar todos os estágios brutais de construção da estrada e cabe ao líder empreendedor proporcionar determinação, força e agilidade no dia a dia do projeto.

 

Agora que você já tem um pouco da linha de pensamento sobre um empreendedor é o momento de conhecer mais de pouco sobre minha trajetória. Acho que meu primeiro empreendimento foi pegar uma bicicleta velha que uma tia ia jogar fora, reformar e depois vender. Com esse dinheiro eu comprei um transmissor de FM caseiro algo meio desconhecido na época em que morava no interior e depois vendi para um amigo que pegava o sinal no outro lado da rua. Eu sempre fui organizado tinha uma pequena poupança para comprar algumas coisas ou fazer meus pequenos investimentos já procurando me distanciar do controle dos pais que iam barrar com certeza.

 

Inclusive é muito importante para conquistar um investidor que demonstre que está comprometido  na própria carne com o seu projeto. Quanto mais mostrar que pode iniciar o projeto e ter uma rentabilização estará mais próximo dos olhos dos investidores. Não adianta ficar no vaporware apenas especulando. O segredo é tirar o terno e seguir para o campo plantando, regando, removendo pragas e acompanhando o crescimento.

 

Eu sempre gostei de tecnologia e decidi desde cedo que era a minha área. Acabei aprendendo sem ter computador ou fazendo qualquer curso estudando em livros usados nas bibliotecas ou livrarias da região. Eu não via limites ou dificuldades e projetava as coisas em minha mente para que pudesse entender o funcionamento de um código de programação. Hoje eu tento até transformar isso em um método para que se torne uma forma de aprendizado futuro pelo Brasil.

 

Aos 18 anos eu decidi comprar o meu computador e dai com classificado de empregos contra a vontade de todos da família. Eu digo todos eu fui à rua buscar trabalho uma vez que informática não estava nos planos da família. Com as economias acabei comprando um computador até 10x melhor o que tinha planejado inicialmente e com ele desenvolvi um pequeno software de controle de estoque e locadora que vendi a três clientes. A estratégia de venda é a mesma que uso hoje. Tinha feito um folder e fui bater de porta em porta conversando com os futuros clientes. Gastei algumas impressões na impressora matricial, sola de sapato que de tão velho não gastava mais e muita conversa rebatendo todos os nãos que encontramos.

 

No meio do caminho eu fui professor de uma grande escola de computação e funcionário de mais duas outras empresas sendo que pedi demissão por conta própria dos três lugares. Os três empregos para min foram as grandes escolas de minha vida e pedi demissão em cada um deles por que achava que já tinha chegado o meu tempo lá e meu plano de empreender era a minha missão principal. Não adianta você esperar uma atitude. Definia o seu rumo e se jogue ou cale-se para sempre e conforme-se.

Nesse meio tempo eu toquei um pequeno site de relacionamento. Imagina isso em 1999. Se tornou um grande site de relacionamento com volume tão, mas tão grande chegando a mais de 1 milhão de visitas mensais que formos expulsos de vários hosts, pois custava muito caro a hospedagem na época até que decidimos interromper em meados de 2002 por ter chegando a um tamanho maior que nos mesmos. Apenas estávamos fazendo um site. Nisso eu vi o Google chegar trazendo visitantes, blogs de conteúdo aparecerem,  internet via wap e demais tecnologias proporcionando profundo conhecimento nesse tipo de negócio que é valido até hoje.

 

O depoimento de um usuário via celular em meados de 2001 direto de um trem na França marcou muito a minha vida. O coração chega a tremer toda vez que toco nesse assunto. Até hoje eu reflito sobre onde eu cheguei com um projeto que não tinha nada daquilo que se tornou, mas foi se moldando e usando a internet ultrapassou as fronteiras impossíveis em um cenário tradicional. Hoje com a popularização global da internet e redes sociais é mais fácil entender. Mas naquela época receber um contrato de 200 paginas em japonês para parceira da NTT DoCoMo Telecom foi algo mais que extraordinário e me mostrou que com dedicação e um sonho você não tem limites.

 

Com a minha base formada eu resolvi fundar a empresa 2PC para atuar com consultoria em tecnologia no desenvolvimento de software. Com tantas grandes empresas no mercado nacional como eu conseguiria penetrar no mercado sendo pequeno e principalmente atuando em todo o Brasil? Foi nesse momento que direcionei a minha atuação em nichos altamente especializados o que tira você do mercadão, mas em contra partida te coloca em um mercado virgem. É um dos riscos que você precisa está pronto para assumir quando definir a sua visão de projeto.

 

Outra estratégia muito forte que utilizei foi atuar fornecendo serviço para os meus concorrentes. A principio pode parecer estranho, mas é isso mesmo que você está escutando. Como tínhamos uma linha especializada passamos a “capacitar” e atender clientes dos concorrentes respeitando todas as suas politicas de negócio. Foi mais uma possibilidade de abrir mercado, ganhar experiência e até hoje fazemos isso em um projeto que eu chamo de consultoria “white label” onde até o crachá do cliente eu coloco se necessário.

 

Durante os três primeiros anos eu optei por usar estruturas altamente enxutas economizando na infra, mas proporcionando diferenciais para os profissionais que trabalham comigo em relação a outras empresas do mercado. Com is
so atraímos talentos em diversos pontos estratégicos para justamente disparar ações regionais em clientes cobrando um preço único em qualquer cidade do Brasil.

 

O empreendedor é um Severino. Ou seja, ele é o cara que faz tudo. Não adianta ter medo de colocar a mão na massa, pois se for o seu caso é melhor buscar caminhos mais tranquilos fazendo um concurso e pronto. Você acaba por acumular tarefas além do que imagina e é uma prova de fogo para determinar se você tem coragem ou não de continuar. Ainda hoje na diretoria executiva da empresa me envolvo em dezenas de questões que são feitas por diversas pessoas em uma empresa tradicional. Mas durante esse estágio de maturidade do negócio é inclusive importante que você tenha uma visão 360o do rumo.

 

Depois da maturidade alcançada que você deve propagar um crescimento gradual sem jamais ferir  a qualidade dos produtos e serviços entregues nem tão pouco comprometer o resultado operacional do negócio. Nossa meta não é ser grande e sim ser eficiente ampliando os resultados. Com pequenos investimentos temos conquistado grandes mercados o que tem nos colocado na frente de muitos outros concorrentes com estruturas gordas e lentas. Ser ágil é o requisito número 1 para qualquer empresa.

 

Uma outra coisa muito legal é que o empreendedor é um viciado em fazer mais e isso tem me levado a novos investimentos em mais dois negócios. Com o tempo e vivência de experiências anteriores você consegue encurtar estágios e maturar ideias em um menor tempo proporcionando um resultado maior ainda.

 

Agora a parte mais importante é como iniciar. Esqueça se estava esperando uma receita de bolo. Isso você pesquisa em algum site de culinária e se for boa me manda depois. Empreender é algo que tem que partir de você, ferver seu juízo até que grite e coloque para fora dando o primeiro passo e construa o seu caminho. Eu criei até uma frase “Empreenda nem que seja levando brigadeiros para vender no serviço, mas saia do lugar” que retrata muito bem essa situação onde cabe a você se libertar dos valores tradicionais e sair quebrando todas as regras.

O primeiro investidor do seu projeto é você. Por isso corte o que for necessário e junte as suas economias para transformar a sua ideia em alguma entrega. Não adianta ficar tentando projetar e projetar que nunca vai sair do papel levando a morte antes de iniciar. Livre-se dos paradigmas e decida o seu momento. O meu sonho é que o Brasil forme empreendedores e não funcionários e para isso todo o nosso esforço é fundamental conscientizando desde as bases ensinando a vender limonadas como os americanos fazem.

                                                                 
                                                                   “Siga seus sonhos… eles fazem parte do seu sangue – Ramon Durães”

Para saber mais:
A arte de inovar em uma Startup

Participe nos comentários e até a próxima!!

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Ramon Durães